quinta-feira, 20 de outubro de 2011

ela falava abertamente. não abertamente, a abertura nas suas palavras era progressiva. primeiro eram fechadas, acabadas. depois, quando via o meu olhar de aprovação e coragem abria as palavras, deixava espaço para eu as completar. e eu completava, nasci para completar palavras, eu. ou pelo menos para lhes dar um sentido, o sentido que ambas procurávamos e não encontrávamos uma sem a outra. é maravilhoso completarmo-nos e revermo-nos no outro através de palavras. de palavras comuns, de linguagem comum. podíamos ter a nossa, perfeitamente. com qualquer linguagem que pudéssemos usar iríamos dar à mesma conclusão. que comunicamos, verdadeiramente comunicamos. não há falhas, há uma plena compreensão de um ser humano por outro.